Isabel Fortes

O capítulo aborda as transformações corporais e psíquicas que ocorrem durante a adolescência, destacando a experiência de perda do corpo infantil e a transição para um corpo adulto, a partir da leitura de autoras como Dolto, Aberastury e Knobel. O adolescente enfrenta um momento de luto, onde precisa lidar com a perda da infância e das proteções associadas a ela. Esse processo é descrito como inevitável e envolve tanto o desejo quanto o medo em relação ao novo corpo, que nem sempre corresponde às expectativas idealizadas. oferecem reflexões sobre a importância da elaboração dessa perda na adolescência.

Este artigo pretende demonstrar como a dimensão do corpo vem ocupando um lugar central na cultura contemporânea, bem como como esse fato se reflete na clínica psicanalítica pela frequência cada vez mais numerosa de sintomas corporais. Uma das formas pelas quais podemos analisar a presença da corporeidade na clínica é através da síndrome da anorexia nervosa, inserida no que hoje chamamos de “distúrbios alimentares” ou “distúrbios de imagem”, este segundo termo já circunscreve melhor o que está em jogo nesta relação perturbada com a comida. Estes distúrbios incluem anorexia, bulimia e obesidade, cujo aumento considerável na frequência tem sido relatado por psicanalistas, médicos e psiquiatras. A partir deste referencial teórico, nossa hipótese baseia-se na compreensão da anorexia nervosa, o que pode nos ajudar a abrir o leque de questões relevantes para o estudo dos sintomas contemporâneos. Acreditamos que o estudo da anorexia nervosa pode constituir um campo de trabalho frutífero e também nos ajudar a analisar melhor os sintomas contemporâneos. Para avaliar o alcance do desenvolvimento teórico sobre os sintomas anoréxicos no quadro mais geral da primazia do corpo na sociedade contemporânea, investigaremos primeiro a presença do corpo na clínica e na cultura atuais e, em seguida, tentaremos delinear alguns traços do anoréxico. condição clínica, vinculando-as a um determinado diagnóstico que hoje podemos fazer das formas de subjetivação.

No presente artigo veremos como o traço da “obstinação” na anorexia mental reflete elementos fundamentais para a compreensão dessa patologia. A recusa, na anorexia, possui a função de reação ativa frente a um outro intrusivo. A negação é compreendida a partir de duas vias: como sustentação do desejo próprio ou como um modo de aniquilação do desejo. No entanto, estas duas vias podem ser pensadas não como contradição, mas como uma fecunda aporia. Do mesmo modo, o tema da “obstinação” é de suma importância para a clínica em geral, conduzindo a uma análise da negação como uma forma possível de relação com o desejo.

Observamos um paralelo entre o lugar central que a dimensão do corpo vem ocupando na cultura nas últimas décadas e o aumento da incidência de casos de anorexia. Assim, o presente artigo apresenta em primeiro lugar um quadro teórico que visa expor alguns elementos importantes para a demarcação do corpo na cultura atual. Em segundo lugar, propomos refletir sobre a constituição do corpo anoréxico a partir da problemática da imagem.

O capítulo aborda as transformações corporais e psíquicas que ocorrem durante a adolescência, destacando a experiência de perda do corpo infantil e a transição para um corpo adulto, a partir da leitura de autoras como Dolto, Aberastury e Knobel. O adolescente enfrenta um momento de luto, onde precisa lidar com a perda da infância e das proteções associadas a ela. Esse processo é descrito como inevitável e envolve tanto o desejo quanto o medo em relação ao novo corpo, que nem sempre corresponde às expectativas idealizadas. oferecem reflexões sobre a importância da elaboração dessa perda na adolescência.