CORPO


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Automutilação e sensorialidade: um olhar psicanalíticoIn: ECO. vol.11, n.2, 2021.

* Artigo escrito em coautoria com Marcio Nery

RESUMO

O presente artigo pretende investigar a compreensão do quadro clínico da automutilação, explorando a predominância do corpo e da sensorialidade na dinâmica desse sintoma contemporâneo. Partiremos do entendimento de que os cortes superficiais na própria pele, além de não possuírem intenção suicida, acabam por trazer alívio ao indivíduo acometido por uma dor psíquica intensa, incapaz de ser enunciada. Para isso, investigaremos os escritos iniciais de Freud procurando referências sobre as limitações do campo representacional da linguagem no que diz respeito à experiência humana, e sobre o papel central que a sensorialidade pode assumir para a elaboração psíquica em certos casos clínicos. Faremos um paralelo com a vividez sensorial presente no trabalho do sonho, buscando descrever de que forma a motricidade e as imagens produzidas no momento da escarificação atuam na organização psíquica das intensidades experimentadas.


Perfomance, política, gênero e corpo: a valorização do corpo e do ato na subjetivação contemporâneaIn: Psicanálise e Política (Org. Isabel Fortes, Joel Birman e Monica Macedo). São Paulo: Zagodoni, pp.77-85, 2020.

* Capítulo escrito em coautoria com Simone Perelson

RESUMO

A presença do corpo na clínica contemporânea e sua incidência no entrecruzamento entre gênero e tecnologia são o ponto de partida deste estudo. De fato, observamos, nos processos de subjetivação contemporânea, a importância da performance como linguagem expressiva de subjetividades. Um exame mais minucioso do funcionamento da performance nos auxilia tanto na compreensão do sujeito nos nossos dias quanto naquela da forma como este usa o recurso a essa linguagem para expressar questões prementes. Assim, o presente capítulo visa a desenvolver a relação da linguagem performativa hoje nos campos da política e do gênero para, em um segundo momento, apresentar a experiência do filósofo e escritor feminista transgênero Paul B. Preciado, que, por meio de um experimento realizado em seu próprio corpo, põe em prática a proposta de que o gênero é uma construção.


Trauma e lesão: algumas articulações em psicanáliseIn: Tempo Psicanalítico, Rio de Janeiro, vol.52, n.1, pp. 133-154, 2020

* Artigo escrito em coautoria com Clarice Medeiros

RESUMO

O artigo objetiva articular lesão e trauma a partir da teoria psicanalítica. O trauma é definido tanto pelo hiato deixado na cadeia psíquica quanto pelo excesso pulsional, que produzem sequelas na história do sujeito. Destacamos o caráter subjetivo do trauma, afastando-o tanto de uma leitura científica daquilo que poderia ser objetivável, quanto como algo da ordem da realidade. Assim, o caráter traumático atribuído a um determinado evento depende também do próprio sujeito. Portanto, destacamos a lesão como um real que o sujeito incorpora e ao mesmo tempo desorganiza a economia psíquica e a reconfigura.


A performance como linguagem: corpo, ato, gênero e sujeito. In: Àgora: Estudos em teoria psicanalítica, Rio de Janeiro, v. XXIII, n.2, 2020.

RESUMO

O presente artigo desenvolve um percurso sobre a atualidade da performance como ato de linguagem que tem uma efetividade própria no campo do gênero, na política das ruas e na psicanálise. Além destes domínios, a arte contemporânea é também citada como ilustrativa da atualidade da performance. Aproxima-se a paródia, elemento importante na performance de gênero, da noção lacaniana de semblante. Investiga-se o modo como a linguagem performativa opera nesses diferentes campos como um modo de ato que possui valor de palavra, um ato que tem valor de um dizer. Além disso, acentua-se a presença do corpo como elemento central e fundamental para o ato performativo.


Algumas reflexões sobre o corpo no cenário psicanalítico atual. In: PSICOLOGIA USP, vol.29, n.2, pp.277-284, 2018.

* Artigo escrito em coautoria com Monah Winograd e Simone Perelson

RESUMO

Busca-se levantar indagações centrais acerca da presença do corpo na clínica psicanalítica e na cultura contemporânea. Para tal finalidade, examina-se o quanto essa problemática participa das transformações sociais testemunhadas nas últimas décadas. Em seguida, compara-se o corpo da biologia e o corpo da psicanálise, a fim de enfatizar a especificidade deste último. Esse problema remete à noção psicanalítica de corpo pulsional, aos limites da representação psíquica em psicanálise e à afirmação de que há nesse campo uma permeabilidade entre o registro da pulsão e o da representação. Além desses dois registros, o artigo propõe também incluir o corpo biológico como uma das dimensões do corpo metapsicológico em Freud.


Hipocondria: um corpo que assombraIn : O corpo que nos possui (Org. Joana de Vilhena de Novaes & Junia de Vilhena). Curitiba: Appris, p.151-165, 2018.

* Capítulo escrito em coautoria com Renata Naylor e Isabella Domiciano

RESUMO

A proposta deste capítulo é realizar algumas articulações sobre o tema da hipocondria que conduzam à compreensão do quadro de assombro, enigma e mistério que sempre cercou essa patologia, tanto em sua perspectiva histórica quanto nas explicações que recebeu nos contextos psicanalítico e psiquiátrico. Veremos como o corpo do hipocondriaco assume essa característica de algo que assombra, que perturba não somente aquele que dela sofre como também os médicos que dela tratam.


Automutilação na adolescência: rasuras na experiência da alteridadeIn: Psicogente [online]. vol.20, n.38, pp.353-367, 2017.

* Artigo escrito em coautoria com Mônica Kother Macedo

RESUMO

O presente artigo pretende refletir sobre o tema da automutilação a partir da análise de algumas narrativas de blogs de adolescentes à luz do campo clínico teórico da psicanálise, propondo que o ato de cortar pode ser inscrito no registro de compulsão em que destacamos o aspecto do tremor da alteridade, articulando-o às noções de “vivenciar a indiferença” e “agir-dor”. Também é explorada a autoagressão envolvida nesses cortes e apresentada uma reflexão sobre uma forma de se cortar. Observa-se nesses depoimentos a referência ao isolamento e à ausência de um receptor a quem seja possível direcionar a dor psíquica. A articulação teórica centra-se nos aspectos solipsistas da dor, do desânimo e de uma experiência de estranheza com o próprio corpo, que levam a um movimento de descarga no corpo, uma vez que não se encontra o caminho para a dimensão elaborativa do psiquismo.


Sintoma e fenômeno psicossomático. In: Psicanálise & Barroco em revista, vol.14, n.1, 2016.

* Artigo escrito em coautoria com Cristiane Corrêa Borges Elael

RESUMO

Este artigo propõe um desenvolvimento teórico sobre noções fundamentais para o estudo psicanalítico do fenômeno psicossomático (FPS). Coteja-se a noção freudiana de sintoma com a compreensão do FPS na teoria lacaniana. Na obra freudiana, é nosso intento demonstrar que o sintoma é um processo de elaboração simbólica que se utilizadas leis do inconsciente e da linguagem, as quais agem de maneira a deslocar sobre o corpo, através do sintoma, ou seja, o desejo recalcado. Por sua vez, o FPS nos remete à palavra grega phainómenon, que significa “aquilo que aparece”. Enquanto o sintoma seoferece como enigma a ser decifrado, o fenômeno se dá na ordem da mostração.Veremos como o FPS refere-se à holófrase, da primeira dupla de significantes (S1–S2=S1) abordada por Lacan em 1964, pela qual o sujeito encontra-se colado a uma erupção de gozo.


A automutilação e a dimensão da alteridade. In: Que corpo é este que anda sempre comigo? Corpo, Imagem e Sofrimento Psíquico (Org. Joana de Vilhena Novaes e Junia de Vilhena). Curitiba: Appris, pp.101-110, 2016.

RESUMO

O capítulo reflete sobre a precariedade da dimensão da alteridade como um traço na problemática da automutilação.


A dor como sinal da presença do corpoIn: Tempo Psicanalítico, Rio de Janeiro, vol.45, n.2, pp.287-301, 2013.

RESUMO

O artigo desenvolve a hipótese de que, na teoria freudiana, a dor pode ser concebida como um sinal que indica a presença do corpo para o ego. Para demonstrar esta relação, propomos três vias teóricas nas quais as duas noções encontram-se entrelaçadas: na formação do ego na segunda tópica, no quadro clínico da hipocondria e na forma que podemos entender o órgão em psicanálise. Assim, tal associação é considerada importante no que concerne à formação do ego na proposição da segunda tópica porque, nesse contexto, o componente da dor comparece nas elaborações teóricas acerca do ego em sua articulação com a ordem corporal. O segundo assinalamento será feito a partir da hipocondria, articulando-a à compreensão que ela pode trazer para a hipótese proposta. Em terceiro lugar, destaca-se como a conexão entre a dor e o corpo é inerente à especificidade do registro do órgão em psicanálise.


Corpo em pedaços: a potência do fragmento. In: Arquivos Brasileiros de Psicologia, vol.65, n.1, p.152-161, 2013.

RESUMO

O presente artigo busca demonstrar que o desenvolvimento teórico acerca da temática do corpo na obra freudiana se faz desde uma valorização do corpo como fragmento, centrando-se no regime da parcialidade como a via por excelência pela qual se constrói o corpo erógeno, a partir das noções de zona erógena, sexualidade perversa polimorfa e prazer de órgão. Apresenta-se uma perspectiva histórica do desmembramento do corpo e das mutações no olhar sobre o corpo nos campos da ciência e da arte que levaram à percepção e à valorização do corpo desmembrado. De um lado, expõe-se como a dissecação de cadáveres ofereceu visibilidade ao corpo, tornando-o objeto de observação e pesquisa; de outro lado, demonstra-se como a constituição corporal em Freud, ao mesmo tempo em que é herdeira da anatomia clínica, subverte esse campo ao reincluir no corpo despedaçado as dimensões de desejo e prazer que haviam sido eliminadas no modelo do corpo-cadáver.


A anatomia fantasmática: o lugar do corpo em psicanáliseIn: Revista EPOS, Rio de Janeiro, vol.3, n.2, 2012.

RESUMO

O artigo apresenta uma cartografia conceitual sobre o lugar do corpo em psicanálise a partir da ideia de que este é constituído por uma anatomia fantasmática. O corpo histérico promove uma ruptura com a anatomia clínica, expressando-se por um mapeamento original que segue uma lógica distinta da anatômica, ligada ao desejo e aos mistérios do inconsciente. Apresenta-se o corpo erógeno sustentando-se muito mais nas partes do que se constituindo como uma unificação. Ao mesmo tempo que é herdeiro da dissecação dos cadáveres, distancia-se do corpo-cadáver da medicina moderna. Desenvolve-se a importância da angústia hipocondríaca e da dor para a assunção do corpo próprio e a maneira pela qual se entende a dimensão do órgão em psicanálise. Por último, apresenta-se o tema do excesso pulsional como elemento conceitual relevante para compor esta cartografia.