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RESUMO
Neste trabalho, partimos de algumas questões levantadas pelo sociólogo Alain Ehrenberg no livro La fatigue d’être soi (1998), com a finalidade de discutir um ponto que consideramos fundamental para refletir sobre a clínica psicanalítica contemporânea: a presença do excesso e da dimensão do corpo no sofrimento contemporâneo. A nosso ver, a noção freudiana de “neurose atual” é uma via fértil para a escuta de alguns quadros clínicos da atualidade, propícios a serem analisados pelas chaves do excesso pulsional e do corpo.
RESUMO
O artigo pretende analisar a revolta contra a transitoriedade e a passagem do tempo, a partir de elementos teóricos que podem ser destacados acerca dessa temática, nas obras de Nietzsche e de Freud. No primeiro autor, a irreversibilidadedo tempo é concebida como uma das marcas do trágico. O tempo do trágico atesta que não há como “querer para trás”, isto é, não há como estancar e congelar o instante. A vontade de eternidade nega a irreversibilidade do tempo e tenta fazer valer a permanência e a estabilidade das coisas, circunscrevendo-se ao niilismo passivo, à vontade de nada querer. Esta última produz o ressentimento, que não admite a passagem do tempo e busca eternizar o instante, caracterizando-se pela memória e pelo apego ao passado. A saída do ressentimento pode ser possível por meio da faculdade de esquecer, que é a capacidade de viver a fluidez do instante. Em Freud, o desconsolo quanto à passagem do tempo é investigado a partir da relação entre a não aceitação da transitoriedade das coisas e a incapacidade de fruição do Belo. Por fim, apresenta-se a articulação que pode ser feita entre tempo, castração e finitude.
O sofrimento como travessia: Nietzsche e a psicanálise. In: Revista EPOS, vol.5, n.1, 2014.
RESUMO
O artigo propõe uma análise do tema do sofrimento humano nas obras de Nietzsche e de Freud, buscando encontrar ressonâncias teóricas entre os dois autores. A filosofia de
Nietzsche se destaca pelas elaborações acerca desse tema em vários de seus livros. Por outro lado, o sofrimento psíquico ocupa lugar central no campo teórico clínico da psicanálise, como elemento necessário para a existência desta. Em ambos os autores, o sofrimento é uma travessia a ser percorrida para a passagem à alegria ou para que haja mudança psíquica. Percorre-se o tema da dor psíquica em Nietzsche a partir das figuras da culpabilidade, quais sejam, a má-consciência e o ressentimento. Analisam-se possíveis saídas desses modos do sofrer com as noções de amor fati e de beatitude. Em Freud, a neurose se apresenta como uma produção psíquica que visa ao evitamento da dor. A neurose é apresentada como uma figura da culpabilidade na teoria freudiana, mecanismo de defesa que busca proteger o psiquismo contra o trágico da existência. Investiga-se o desamparo humano como algo da ordem do incurável, que, por isso, indica uma via trágica para a psicanálise.
* Artigo escrito em coautoria com Eduardo Leal Cunha
RESUMO
Neste artigo trabalhamos o conceito de alucinação em Freud, demonstrando como essa noção aponta a positividade do desejo como experiência realizável, fora do campo da representação. Retomamos a leitura freudiana da experiência alucinatória a partir de sua compreensão pela metapsicologia, em particular o registro econômico, mostrando sua relação com a descarga motora e o sistema da percepção; e do laço entre alucinação, fantasia e delírio – elo entre a experiência alucinatória e processos referidos aos mecanismos de ligação da pulsão às representações e aos modos de relação com a realidade e com o Outro.
L’actualité de la ‘névrose actuelle’ freudienne. In: Figures de la psychanalyse, n.19, 2010.
RESUMO
A partir das propostas de Alain Ehrenberg sobre a atualidade, o artigo discute os modelos teóricos de análise do sofrimento contemporâneo, comparando o modelo janetiano da insuficiência e o modelo freudiano do conflito. Nosso objetivo é comparar a dimensão do excesso em Freud e a dimensão da insuficiência. Para tanto, desenvolvemos a noção de neurose atual associada ao predomínio da dimensão corporal na sintomatologia da clínica psicanalítica atual, e a noção de neurose do destino que, articulada com a pulsão de morte, apresenta um movimento paradoxal de descarga e excesso.
RESUMO
No presente artigo pretende-se fazer uma diferenciação entre a forma como a estrutura é vista pela psicologia e a maneira como é concebida pela psicanálise, com o intuito de analisar a especificidade da noção de estrutura na teoria psicanalítica e a sua importância no que diz respeito à questão da temporalidade. Para isso, a estrutura psicológica é vista, primeiramente, a partir do gestaltismo psicológico, um estruturalismo sem gênese, e, depois, na teoria piagetiana, que introduz a gênese na estrutura. Na estrutura psicanalítica, a temporalidade é da ordem da atualização, como se pode atestar no conceito de a posteriori (o Nachträglichkeit).
RESUMO
A interpretação não-toda In: Revista Tempo Psicanalítico, nº 30 1998.