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* Capítulo escrito em coautoria com Simone Perelson
RESUMO
Neste capítulo, traçaremos um percurso, no qual partiremos do asfalto onde se assentam os mitos fundantes da humanidade ocidental – destacando-se aqui o mito de Narciso, que ganha relevo na pena de Freud a partir de 1914, ano em que justamente o asfalto europeu começava a derreter. Voltaremos até a narrativa poética do mito por Ovídio, no século VI d.C., narrativa que indica a interdependência entre Narciso e um outro mito, Eco, para o desenrolar da tragédia. Em seguida, adentraremos a releitura do mito no século XXI por Grada Kilomba, releitura que revela a paixão de Narciso como a “paixão branca pela sua própria imagem”, com a “consequente refutação daquilo que é diferente” (Djamila Ribeiro, 2019, p. 13). Passando por algumas pistas indicadas por Francis Wolf no livro em que ele apresenta as quatro figuras do homem que, em momentos distintos da história ocidental, foram referentes a reconfigurações na ordem do saber e do poder, desembocaremos nas propostas antinarcísicas que, com o conceito de perspectivismo ameríndio, Eduardo Viveiros de Castro desenvolve.
* Capítulo escrito em coautoria com Mônica Kother Macedo
RESUMO
O intuito deste capítulo é pontuar e destacar algumas indagações cruciais para a tarefa com a qual se defronta o psicanalista pesqui-sador. Trataremos, para tal, de explorar os quatro pontos seguintes: 1) Diferenças entre método psicanalítico de pesquisa e método psicanalítico de tratamento; 2)A relação da Psicanálise com a universidade e a figura do psicanalista pesquisador; 3) As modalidades de pesquisa em Psicanálise: reflexão teórica ou pesquisa empírica; 4) A Psicanálise e sua questão hamletiana: ser ou não ser ciência.
Barbárie versus Civilização: a problemática da bildung In: Psicologia & Sociedade, vol. 29, 2017.
RESUMO
O artigo coteja a premissa freudiana do mal-estar da civilização com a leitura do conceito de semiformação em Adorno. Apresentam-se as ideias principais do ensaio “Teoria de la seudocultura” (Adorno, 1966), em que é proposto que a formação cultural (Bildung) afasta o homem da natureza e do corpo. A noção de semiformação pressupõe que a civilização teria, já em sua origem, o germe de seu colapso, pelo fato de buscar a dominação da natureza e do corpo. Desse modo, observamos que Adorno não é estranho a Freud quando concebe a violência instalada no cerne mesmo da civilização. Em 1930, Freud constata que não é mais possível partilhar do entusiasmo pela civilização como um bem precioso que conduziria todos os homens à mais elevada perfeição. Há um antagonismo entre as exigências da pulsão e as restrições da civilização que faz com que o conflito seja insolúvel e o desamparo, irremediável.
* Capítulo escrito em coautoria com Mônica Kother Macedo
RESUMO
Este capítulo tem como objetivo apresentar o processo terapêutico em a psicanálise identificando e desenvolvendo três eixos argumentativos: a especificidade do objeto epistemológico da psicanálise, o método psicanalítico e o caso clínico. O objeto epistemológico que orienta a psicanálise clínica é a noção de inconsciente, que está ancorada no deslocamento que a psicanálise tem realizado em relação a um eu consciente e racional. No que diz respeito ao método e ao manejo da técnica, discute-se o papel da interpretação como recurso sempre ligado à noção de transferência. Por fim, é apresentado um caso clínico como forma de ilustrar.
* Artigo escrito em coautoria com Marianna T. de Oliveira e Monah Winograd
RESUMO
Tradicionalmente definida como traumática, como o que esgarça a rede representacional e alimenta a compulsão à repetição, levando o psiquismo ao esgotamento e à dissolução, a pulsão de morte apresenta, mais profundamente, uma outra face que é preciso sublinhar e que constitui o objeto central deste artigo. Se ela realiza um trabalho do negativo, a negatividade que ela expressa impulsiona a subjetivação, pois sua atividade e seus efeitos são absolutamente necessários, entre outros, para a construção do duplo limite psíquico (Green) e para a realização do
primeiro trabalho psíquico verdadeiro (Rosenberg). Eis o paradoxo que pretendemos investigar: somente através dos desligamentos, dos vazios, das divisões e das separações gerados pela pulsão de morte os processos de simbolização podem proliferar, se enriquecer e o psiquismo pode se complexificar. Iniciamos analisando a pulsão de morte como força disruptiva para, em seguida, nos determos nas noções de ligação e de desligamento. Finalmente, demonstramos a necessidade de pensar a negatividade como necessária e fundamental para os processos de
subjetivação.
Some articulations between the Symbolic Exchange in Archaic Societies and the Donation of Biological Material in Contemporary Societies: The Psychoanalytic View. In:Psychoanalysis: Perspectives, Techniques and Socio-Psychological Implications. Editor Zelda Gillian Knight, Nova Science Publishers Inc, 2015.
* Artigo escrito em coautoria com Simone Perelson
RESUMO
Neste capítulo, procuraremos articular a lógica implícita nas doações de material de engendramento (sêmen, óvulos e embriões), praticadas no campo das novas tecnologias reprodutivas (NRT), com o sistema de trocas de algumas sociedades arcaicas descrito por Marcel Mauss em seu famoso ensaio A dádiva: formas e funções da troca nas sociedades arcaicas (1924/1967). Esta articulação também será elaborada à luz de três importantes intérpretes deste ensaio – Lévi-Strauss, Maurice Godelier e George Bataille – de modo a apresentar algumas consequências que a NRT coloca à psicanálise e vice-versa.
RESUMO
Em “Mal-estar na civilização” (1930/1974e), Freud demonstra que os homens civilizados sofrem de um mal-estar permanente, por serem obrigados a renunciar às pulsões sexuais e agressivas. Gostaríamos de partir deste mote do texto de 1930, para propor que, ao impor a supressão da agressividade, a civilização é, ela mesma, produtora de violência. Para desenvolver essa ideia, trabalharemos um ensaio de Adorno denominado “Teoria de la seudocultura” (1966), que mostra como a civilização produz aquilo que pretende dominar, a barbárie. O modo que se dá a formação cultural afasta o homem da natureza e do corpo, separando o mundo entre os homens cultivados e os não cultivados. Nos termos de Adorno, a semiformação é uma espécie de “deseducação” que engessa a consciência, prejudicando o exercício da autonomia, sendo característica tanto dos regimes totalitários quanto, em larga medida, do capitalismo tardio (DUARTE, 2003). Sob a perspectiva da semiformação, a civilização, ao se constituir desde uma dominação – a da natureza, a do corpo e a do outro não cultivado – tem já, na sua origem, o advento de seu colapso.
* Artigo escrito em coautoria com Simone Perelson
RESUMO
No presente artigo buscamos articular a lógica implicada nas doações de material de engendramento (sêmen, óvulos e embriões), praticadas no campo das novas tecnologias reprodutivas (NTR), com o sistema de trocas de algumas sociedades arcaicas, descrito por Marcel Mauss em seu célebre artigo Ensaio sobre a dádiva (1924/1974). Esta articulação será também trabalhada a partir de três importantes intérpretes deste ensaio – Lévi-Strauss, Maurice Godelier e George Bataille -, de modo a extrair dela algumas consequências e explicitar alguns questionamentos que as NTR colocam para a psicanálise e vice-versa.
Algumas considerações sobre o campo do biológico em Freud, Laplanche e Lacan. Psicologia clínica. [online], vol.25, n.2, 2013.
* Artigo escrito em coautoria com Natália De Toni Guimarães dos Santos
RESUMO
Este artigo consiste numa pesquisa teórica sobre a noção de biológico na psicanálise a partir da revisão bibliográfica de Freud, Laplanche e Lacan. Nossa proposta é mapear algumas questões relevantes sobre a inserção do biológico nas teorizações freudianas, ao mesmo tempo que buscaremos delimitar a diferença desse autor em relação a Laplanche e a Lacan. Ao pensar a pulsão como um conceito na fronteira entre o psíquico e o somático, Freud estabelece a teoria do apoio, concebendo a sexualidade como um processo eminentemente intrapsíquico derivado da ordem do biológico. Laplanche segue Freud e a teoria do apoio, embora salientando a importância da intersubjetividade, do outro como agente instaurador do pulsional. Lacan, por sua vez, critica a teoria do apoio, apontando uma separação radical entre o biológico e o sexual, acentuando a questão da parcialidade das pulsões.
La notion de pression chez Freud et chez Bataille. In: Psychologie Clinique, n.32, 2012.
RESUMO
Neste artigo aproxima-se a teoria freudiana da obra de Bataille, cujo pensamento traz considerações importantes para a dimensão econômica de Freud. Sugere-se que essa correlação pode ser feita por meio do termo pressão, presente nos dois autores. O argumento principal do artigo é a ideia de que há uma pressão permanente provinda de um excesso que perturba os organismos vivos, havendo então a exigência do desperdício, do gasto ou da descarga. No caso da psicanálise, esse dispêndio ocorre sob a forma da dominação dos estímulos, principal função do aparelho psíquico, seja essa realizada pela descarga energética, seja pela elaboração psíquica.
RESUMO
Neste artigo aproxima-se a teoria freudiana da obra de Bataille, cujo pensamento traz considerações importantes para a dimensão econômica de Freud. Sugere-se que essa correlação pode ser feita por meio do termo pressão, presente nos dois autores. O argumento principal do artigo é a ideia de que há uma pressão permanente provinda de um excesso que perturba os organismos vivos, havendo então a exigência do desperdício, do gasto ou da descarga. No caso da psicanálise, esse dispêndio ocorre sob a forma da dominação dos estímulos, principal função do aparelho psíquico, seja essa realizada pela descarga energética, seja pela elaboração psíquica.
A questão do sujeito em Hegel e na teoria psicanalítica. In: O que nos faz pensar?, n.13, 1999.
RESUMO
Este trabalho consiste em um exercício teórico que visa operar com as possibilidades de aproximação de Hegel e Lacan, tendo como eixo central a questão do sujeito. Para isso, apresentaremos a constituição da autoconsciência conforme descrita por Hegel na Fenomenologia do Espírito, associando-a ao surgimento do sujeito no discurso psicanalítico. Trata-se de tarefa espinhosa, pois estes dois amores são reconhecidamente árduos de serem estudados. Hegel é considerado um pensador bastante denso e Lacan possui uma escrita enigmática que, como ele mesmo disse, não é para ser entendida. Mas se o que nos move na aventura do saber é o prazer em adentrar terras incógnitas, os textos de Hegel e de Lacan são material para explorações surpreendentes.