Isabel Fortes

Resenha do livro “O avesso do avesso: feminilidade e novas formas de subjetivação” (2006) de Márcia Arán.

O artigo desenvolve algumas questões sobre o encontro possível entre psicanálise e literatura. A partir da obra de Marguerite Duras, podemos alargar a reflexão teórica sobre a questão do feminino na teoria psicanalítica, especificamente da forma como é desenvolvida nas teorias de Freud e de Lacan. Se na psicanálise o feminino está circunscrito ao campo do indizível, à falta de um significante que lhe seja próprio, o texto literário de Duras aproxima-se de uma escritura possível do feminino. Assim, se na teoria psicanalítica o feminino é o impossível de ser dito/escrito, na literatura testemunhamos como Marguerite Duras vai mais além em relação a esses dois autores, pelo menos no que diz respeito à possibilidade de escrever o feminino.

O artigo busca desenvolver a problemática da mulher com o trabalho, traçando o perfil da mulher que ficou atrelada à esfera privada e ao espaço doméstico uma vez que as contingências culturais lhe dificultaram a saída pela sublimação como um destino pulsional possível para o seu sofrimento.

O artigo indaga a conceituação psicanalítica sobre a posição feminina e a problemática da diferença sexual desde os estudos da teoria feminista.

O objetivo deste trabalho é fazer algumas articulações sobre o tema do feminino tal como ele é tratado pela teoria psicanalíti-ca, e ao mesmo tempo fazer uma reflexão teórica desta concepção a partir de um romance da escritora Marguerite Duras.

Pretendemos neste artigo fazer um estudo das relações entre as mu-lheres. O que circula entre as mulheres? O que busca a mulher quando se encontra diante de uma semelhante? A questão da atração que as mulheres exercem entre si, seja sob a forma de ciúme, ligação intensa ou paixão invejosa, é recorrente na clínica psicanalítica, principalmente na clínica da histeria. Veremos primeiramente o desenvolvimento teórico da questão e, num segundo momento, analisaremos as personagens femininas do livro O deslumbramento, de Marguerite Duras.